Máquina que vende comida saudável é aposta
para futuro
Empresários apostam no conceito de
alimentação saudável e criam a Fast Good

SÃO PAULO - Dois jovens empresários resolveram aliar o potencial
de crescimento das máquinas automáticas - as chamadas vending machines - à
expansão do conceito de alimentação saudável para criar a Fast Good. O negócio
cresceu tanto que deve oferecer o sistema de franquias.
Em meados de 2010, o empresário Eduardo Correa estava à procura
de um negócio ligado ao varejo para investir no Brasil. Ele chegou a participar
de algumas feiras na Holanda e na França e acabou se interessando pelas vending
machines.
"Conheci uma empresária que tinha um negócio de máquinas de
sanduíches e achei a ideia muito interessante", revela Correa.
Ao desembarcar no Brasil, ele encomendou uma pesquisa de mercado
para descobrir as principais tendências do varejo para os próximos anos.
"Deixei o estudo em aberto, mas coincidentemente um dos
negócios com maior potencial de crescimento detectado foi o das
vendingmachines", diz.
Além disso, o estudo dava conta de que o conceito de alimentação
saudável está em franca expansão por aqui. Nascia então a Fast Good, que é
pioneira não só no Brasil.
"Só vimos vending machines com alimentos saudáveis na
Califórnia e na França. O conceito é realmente inovador", se orgulha
Eduardo Correa.
O início da marca, porém, não foi fácil. "Encontramos as
portas fechadas de todos os bancos, pois nossa empresa tinha menos de um ano e
não era possível comprovar faturamento", conta Eduardo Correa.
Com o outro sócio da empresa, Fernando Damas, foram levantados
R$ 300 mil para investir na empresa, mas atualmente o aporte já beira R$ 1
milhão. "Como detemos toda a operação, cada vez que o serviço é ampliado,
precisamos investir", destaca Correa.
As máquinas, que operam desde março deste ano, oferecem saladas
(que já vêm com talher) e sanduíches naturais produzidos por uma indústria
francesa instalada em Ibiúna (SP), a Norac do Brasil. "Apesar da validade
de dez dias dos produtos, o sabor não se perde", garante o empresário.
As máquinas oferecem ainda iogurtes, sucos, snacks saudáveis e
barrinhas de cereal e proteína. "Oferecemos um portfólio para cada tipo de
cliente", explica Correa.
Obstáculos
Apesar de a ideia parecer extremamente atraente, a corrida para
entrar nas empresas - mesmo em regime de comodato - também foi um obstáculo
para os empresários.
"No início, aceitávamos contrato com quem quisesse o nosso
produto", explica Correa. "Porém, é muito difícil competir com junk
food, pois essa ainda é uma cultura arraigada no Brasil", complementa.
Os empresários contam que só é possível ganhar espaço nas
empresas que não possuem máquinas que vendem salgadinhos, doces e
refrigerantes, e que geralmente têm contrato "casado" com máquinas de
café. "Foi então que decidimos apostar no café orgânico", acrescenta
Damas.
Assim, a Fast Good passou a oferecer tanto as máquinas de
alimentos quanto de café. Ele garante que o produto tem procedência
certificada.
"Apesar do custo um pouco mais elevado, nosso objetivo não
é competir com os cafés comuns, pois nosso produto tem maior valor
agregado", diz.
Mercado
Atualmente, a Fast Good conta com sete funcionários - incluindo
os dois sócios - e possui 25 máquinas em funcionamento e mais 35 em trânsito.
"Temos fila de espera", comemora o idealizador.
Todo o monitoramento é remoto. "Recebemos alerta via
celular quando precisamos reabastecer ou a validade de produtos de alguma
máquina está próxima", explica Damas.
A Fast Good tem na carteira de clientes desde hospitais, como
Santa Paula, até empresas como a Ambev. E mesmo com a operação restrita a São
Paulo, a Fast Good já extrapola as fronteiras do estado.
Recentemente, o programa The Voice, da Rede Globo, procurou os
empresários para atender à produção e aos convidados da atração.
"Eles ficaram muito interessados no nosso produto, mas
dissemos que não seria possível atendê-los no Rio. Ainda assim, fizeram questão
de nos ter no programa", diz Damas.
O empresário explica que a produção da Globo irá buscar os
produtos e levar para o Rio. Aliás, a questão da logística consome boa parte da
energia e dos aportes dos empresários.
"Detemos todas as fases do serviço, como abastecimento,
higienização, retirada dos produtos, controle de validade", explica Damas.
"Por isso, nossas despesas são altas", diz.
Outro custo significativo da empresa é manter o único sistema de
pagamento dos produtos - o de cartão - ativo, pois inclui algumas taxas, como a
da administradora (débito, crédito e de benefícios). "O custo fixo, por
máquina, é de cerca de R$ 250 por mês."
Os empresários afirmam, entretanto que usar apenas cartão
elimina o custo da logística do dinheiro e também facilita para o usuário.
"É uma tendência irreversível", avalia.
Expectativa
O faturamento estimado pela Fast Good gira entre R$ 180 mil e R$
300 mil por mês, atualmente, dependendo das vendas de cada máquina.
A meta da empresa é ter 100 máquinas operando até o final do
ano, o que pode render uma receita de até R$ 500 mil por mês. "Tínhamos
uma expectativa de faturamento maior no início, mas tivemos muitos problemas no
caminho. Tudo é um aprendizado", pondera Correa.
A Fast Good possui planos de crescer de forma orgânica e também
de abrir franquia. "Já contamos com cerca de 400 interessados", diz o
empresário.
No entanto, os sócios do empreendimento são cautelosos.
"Todo nosso planejamento esbarra no capital. Precisamos investir altas
cifras e a busca por financiamento ainda é difícil", destaca Damas.
Os empresários ressaltam que a burocracia, aliada à alta carga
tributária, impacta de forma significativa os planos de quem deseja empreender
no País. "O custo Brasil pesa principalmente para os pequenos, pois são
obstáculos enormes", complementa Correa.
Fonte: DCI
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